segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Enquanto arava a terra, o coração de Primo,apertava dentro dele.Era homem de seus 25 anos de idade,pai de 8 filhos...tinha nos seus ombros,a responsabilidade da família e dentro de si...ódio. Odiava o mundo,odiava as pessoas...mas,acima de tudo,odiava o único irmão...Saul Bombarda. Ruminava dentro de si as histórias da sua infãncia,quando sentados em frente á fogueira,toda noite ,os pais lhes contavam a respeito da sua viagem infeliz ao Brasil.-Assim como muitos italiano,os homens do governo enganaram também a gente dizendo que essa era uma terra boa,terra dos sonhos;que aqui,todo mundo tinha chance de ficar rico se trabalhasse duro,que teríamos casa e comida de graça,até que conseguíssemos nosso pedaço de terra. Nos deram a passagem de ida,e diziam que se a gente não gostasse da vida aqui,podia voltar quando quisesse,que eles davam a passagem de volta. Alguns desses homens,chegavam mesmo a dizer que a terra já era nossa,que era só assinar o contrato que o que o governo queria mesmo era povoar a terra com gente branca,pra não correr o risco de que os negros que aqui moravam,crescesse muito. Como na época a Itália vivia debaixo do medo da guerra,os Bombarda aceitaram aquela "generosa oferta e embacaram felizes,eles e mais algumas centenas de calabrezes,todos felizes,guardando consigo os seus contratos,como quem guarda um grande tesouro Embarcaram joseph e Maria no navio juntamente com a filha de 2 anos ,Marianna. E o que era pra ser um sonho,se torna pesadelo,nos porões do Constantino primeiro,navio que carregava italianos,como quem carrega animais.Esta foi a primeira decepçãp... Vinham amontoados,todos juntos, em galpões sem ventilação e sem banheiro...o cheiro era insuportável-Era italiano vomitando por todos os lados,comendo e bebendo e fazendo todas as suas necessidades ali mesmo...por um mês e meio de travessia...não podia acabar bem! Mais de cem pessoas,fazendo tudo juntas,sem privacidade;pesadelo comunitário,até que piorou... Começaram a morrer,faltando 2 semanas pra chegar aqui...homens,mulheres e crianças...mais crianças...Não suportavam a fome,sede e a diarréia coletiva...era a cólera. Desembarcaram sem a filha e sem 32 companheiros de viagem.A noite,se ouviam gritos de mulheres...um choro contido;os corpos eram jogados no mar,pra que os outros não fossem contaminados... Ninguém chorava...não havia forças pra chora...era a vontade de Dio..."Porco Dio".

Nenhum comentário:

Postar um comentário